História

A história da microscopia no Brasil

Os primeiros microscópios no Brasil

É difícil precisar quando chegou o primeiro microscópio ao Brasil, mas podemos dizer que a vinda da Família Real Portuguesa trouxe nova luz para nossas terras. Após a chegada ao Brasil, através de decreto, D. João VI promove a fundação da Escola de Cirurgia da Bahia em 1808. Em 1832, já sob regência de Pedro II, a Escola de Cirurgia da Bahia é renomeada como Escola de Medicina e, neste mesmo ano, é fundada também a Escola de Medicina do Rio de Janeiro. É possível que essas escolas tenham abrigado os primeiros microscópios no Brasil. Ainda neste ano, chega ao Brasil o navio Beagle trazendo o naturalista Charles Darwin. Percorrendo o litoral do país entre 1832 e 1836, a bordo do navio, Darwin trazia seu pequeno microscópio óptico, fabricado por Robert Barcks em 1825. Em 1852, chega ao Brasil, vindo da Alemanha, o professor e naturalista Fritz Müller. Müller se estabelece em Santa Catarina e logo se interessa pelo estudo da exuberante natureza que encontra. Em 1857, Müller recebe de presente um microscópio óptico construído por Friedrich W. Schiek. Suas descobertas contribuíram de maneira muito significativa para a aceitação da Teoria da evolução das espécies de Darwin. Alguns anos depois, já em 1901, possivelmente as pesquisas em petrografia do austríaco Eugen Hussak dão início a utilização da microscopia ótica no estudo de materiais em nosso País.

Os primeiros microscópios eletrônicos no Brasil

Os microscópios eletrônicos foram introduzidos no Brasil em 1947, com a chegada de microscópios da RCA, dando início aos Laboratórios de Microscopia Eletrônica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e o Laboratório do Instituto Oswaldo Cruz de Manguinhos. Desde então, a microscopia eletrônica se apresentou como ferramenta fundamental para o desenvolvimento da ciência nas áreas de materiais e biológicas. Nas décadas seguintes, diferentes grupos foram nucleados, na região sudeste, destacando-se os laboratórios de microscopia eletrônica do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (1951), do Instituto Butantã (1952), do Instituto Agronômico de Campinas (1961), do Instituto Adolfo Lutz (1961), do Departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (1966), da Faculdade de Medicina no Departamento de Patologias na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1967), da USP de Ribeirão Preto (1968) e o da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz também da USP (1969). A microscopia floresce no País na década de 60 culminando com a fundação da Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica em 1971. Após décadas de investimento em infraestrutura para pesquisa no Brasil, o País coloca-se em destaque no cenário internacional. Hoje em dia, temos mais de 700 microscópios eletrônicos em operação no Brasil e distribuídos por todo o País e Laboratórios Nacionais com Infraestrutura de ponta acessíveis à comunidade científica brasileira. Dentre estes, se destacam o Laboratório Nacional de Nanotecnologia do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNNano\CNPEM), o Laboratório Multiusuário de Nanociência e Nanotecnologia (LABNANO\CBPF\MCTI) e o Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (CENABIO) da UFRJ.
A relevância das técnicas de microscopia para o avanço da ciência no mundo foi reconhecida com o Prêmio Nobel de Física de 1986 compartilhado por Ernst Ruska, Gerd Binnig e Heinrich Rohrer, pela invenção dos microscópios eletrônicos (Ruska) e de varredura e tunelamento (Binnig e Rohrer). Esta nova técnica de microscopia pertence à família dos microscópios de varredura e ponta de prova (SPMs) e tem como técnica mais difundida a microscopia de força atômica (AFM).

A introdução dos microscópios de ponta de prova no Brasil

No Brasil, o primeiro microscópio de força atômica foi construído em 1992, pelo professor Victor Baranauskas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sete anos após a invenção do AFM. Daí em diante, ainda na década de 90, vários AFMs comerciais foram adquiridos e instalados aqui no Brasil. De acordo com nosso levantamento, através de consulta a diversos pesquisadores brasileiros atuantes na área, podemos ver que além do primeiro microscópio montado aqui, os primeiros AFMs adquiridos também foram para a Unicamp em 1992, seguido pelos microscópios instalados no antigo Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) em 1993, acompanhado pela Coordenação de Projetos de Pesquisa em Engenharia (COPPE) que em 1995 comprou seus primeiros AFMs. É interessante ressaltar aqui que antes dos AFMs, a COPPE já tinha um sistema de STM trazido da Alemanha e montado no Brasil nos anos de 1993. Os microscópios de força atômica chegaram também no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) em 1995. Ainda em 1995 foram instalados equipamentos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1996, chegam os primeiros equipamentos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). E no final da década, em 1998, foram também instalados os primeiros microscópios na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Hoje em dia, temos também mais de uma centena de microscópios SPMs em operação, espalhados por todo o País.
A Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise
Fundada em 1971, a Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica (SBME), tem um papel muito importante na divulgação dos avanços científicos produzidos pela microscopia brasileira. Acompanhando o crescimento da comunidade científica, os avanços da área de microscopia, o desenvolvimento da microanálise e o surgimento de novas técnicas de microscopia, a sociedade cresceu passando a ser chamada de Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM). Nos dias de hoje, a sociedade busca ser cada vez mais inclusiva e proporcionando acesso a toda comunidade científica e jovens pesquisadores as informações e avanços destas técnicas de caracterização.

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